30 de out. de 2009

Resposta a um e-mail de um amigo sobre Harry Potter - o filme (comentário anacrônico)

Meu amigo em um e-mail:
"E me conte, voce viu o Harry Potter em 3D? (...) O pessoal reclamou foi da falta de magicas operadas pelo proprio Potter: Dumbledore deixou-o ali escondidinho e meus amigos pensaram que, no fim, ele fosse aparecer, fazer, acontecer, e ainda por cima salvar o velhinho. Fora que o Principe do nao-sei-o-que tinha se revelado uma pessoa melhor em filmes anteriores, e que essa virada/revelacao de agora nao foi muito plausivel... Seilá"


Minha resposta:



Pois é: não assisti a Harry 3D. Confesso que nem sabia que tinha essa possibilidade. Quanto aos comentários, digamos que... danem-se os pottermaníacos e os que assim se acham. O filme é bom como filme. Até onde me lembro (minhas leituras dos livros não demoravam mais do que quatro dias e eu as fazia assim que os livros eram lançados – em inglês, claro – então você imagina o quanto de detalhes eu conseguiria lembrar agora, passado tanto tempo), não vi nada que não me parecesse estar no livro de alguma forma. Os conflitos são morais, mesmo – Harry questiona-se o tempo inteiro sobre a validade da consideração/carinho que Dumbledore tem por ele, há uma dubiedade constante em relação às “verdades” que ele só supõe saber. Essa é a verdadeira batalha de Harry. E, no filme, acho que foi defendida com louvor. Eu ouvi críticas à “acessorização” de Ron e Hermione na película, mas creio que isso é um pouco o que eles fazem, mesmo. E eles também têm seu próprio drama moral particular, que está ligada à relação de amor entre os dois que tarda a se resolver e que os consome – como em geral os amores adolescentes fazem: consomem e demoram (quando chegam ) a se consumar. Passei do ponto da simploriedade de “o-livro-é-melhor-que-filme”. O filme é o filme, o livro é o livro. A cada um o que cada um tem de valor. E o filme tem bastante. Fico com isso e com issou dou-me por dito (rs).



Estranha experiência

Há alguns anos relatei a um amigo uma experiência por que passei recorrentemente: à vezes estou em casa e um silêncio toma conta do ambiente, da minha mente, e subitamente me vejo percebendo o espaço à minha volta. Não é só a percepção visual; é como se eu roçasse o limite das coisas ao meu redor. A consciência da parede, dos móveis, das texturas, do espaço ocupado pelos objetos, tudo isso fica muito claro. E aí, em seguida (ou não), acontece um outro "estágio" da percepção, que é a do tempo. É como se eu pudesse 'enxergar' o contínuo espaço-temporal (parece papo de ficção científica barata, né?) e entendesse a dimensão do universo... Não, eu não enlouqueci (pelo menos não da maneira convencional). Não há medo, não há espanto, não qualquer inquietação nessa percepção. Na verdade, há uma calma, como se fosse simplesmente natural estar ali, naquele 'vazio repleto'. Dá para ver a transitoriedade da vida, o quanto as coisas que consideramos absolutamente essenciais são passageiras e finitas. Que o que importa é imaterial e perene... Será que isso faz algum sentido? Se não fizer, tudo bem. Não é importante.

Meu amigo me disse que tive uma experiência que faria inveja aos existencialistas... e eu nem entendo essa coisa de Existencialismo...