19 de jan. de 2010

Impressões...

     Alguns de meus amigos, apesar de saberem da existência do meu blog Andarilho do Vento, não costumam visitá-lo. Por isso acabo imprimindo e mostrando meus poemas para eles. Gosto de ver suas reações, pois elas são sempre motivadas por sentimentos alheios aos meus próprios quando escrevi e isso torna o processo altamente instigante.
     Na madrugada de ontem para hoje escrevi um poema chamado "Eutanásia" que, naturalmente, lida com a morte, a finitude. Veio-me quando eu já estava deitado, pronto para dormir. Como tenho alguns livros na estante ao lado cama, peguei um, a poética de Vinícius de Moraes, e comecei a folhear, ler coisas aqui e ali, e li um poema que ele escreveu para Pedro Nava (creio que na ocasião da morte deste). Um poema de exaltação ao amigo e também de lamento e saudade. Aí senti vontade de escrever algo sobre a morte. Por estranho que pareça, é o segundo poema que escrevo em torno desse tema em três dias. Talvez a Indesejada ande rondando meus pensamentos mais do que deveria (brrrr!).
    Pois bem, mostrei o texto a algumas pessoas e algumas o acharam 'bonito', outras ficaram quietas, mas um amigo deprimiu-se, porque o poema parece definitivo demais. Para mim escrever tem efeito de catarse, já que normalmente só escrevo a partir de sentimentos ditos desagradáveis (angústia, melancolia, desesperança). Porque escrever torna-se possibilidade de reflexão, de enfrentamento de si mesmo, de reconhecimento de limitações, de compreensão de nossa própria condição na terra.
    Fico imaginando o que passa pela cabeça das pessoas quando elas lêem. Principalmente quando lêem poesia. Na verdade, o que passa por seus corações, como que aquele texto único se abre em mil possibilidades de interpretação, de reconhecimento por parte de quem o lê. Gosto do espanto que essas leituras me causam, porque sempre me ensinam mais a respeito de mim mesmo. E contribuem, sempre, para o próximo poema.

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