23 de ago. de 2010

Diário de Viagem - Dublin, entre Dalkey e Killiney

Hoje amanheceu chovendo. Muito. E fez frio. Muito frio. Passei a manhã tentando resolver uma pendenga com a Credicard, que resolveu bloquear meu cartão, mesmo eu tendo limite. Decidi que vou despachar a mala na Ryanair, porque não vou sair de Dublin de mãos vazias. Uma peça só de bagagem não dá. Só que, parta acrescentar uma mala, preciso do cartão, que está boqueado. Uma M....

Depois de não ter conseguido, decido ir para a National Gallery. Antes, café da manhã na Kylemore, ao lado da estátua de Joyce. O sistema é self-service e você pode escolher várias opções como, por exemplo, pagar pela quantidade de itens que colocar em sua bandeja. Lugar muito movimentado e interessante.

Como estou só com o corta-vento, que gela sob chuva, decido comprar um casaco leve. Entro na Penneys, que eu já havia "paquerado" no dia anterior e, em lugar de comprar um casaco leve, compro uma jaqueta muito descolada, quente, com capuz destacável, muitos bolsos e super bonita por €26,00!!! Vinte e seis euros, ou 70 reais!!!! Ela custaria umas quatro vezes isso no Brasil. Vasculho a loja e descubro que os preços são de fazer qualquer comprador contumaz se endividar para o resto da vida. Fico com a jaqueta e uma bolsa nova, que custou só €3,00!

Saio da loja com a jaqueta e a bolsa. E o guarda-chuva que trouxe do Brasil e que passa a ser um super companheiro. Destino: Trinity College, para ver o Book of Kells. Subo mno ônibus de turismo de Dublin, já que o ingresso vale por dois dias, e economizo pernas. Mas a fila para o Book of Kells já estava quilométrica. Desisto e vou para a National Gallery. Embaixo de chuva... e derretendo dentro da jaqueta nova, apesar do vento frio. É assim: quando sai so;, esquenta muito, mas rapidamente chove e esfria, porque a água é gelada. Mas aí faz sol de novo... e assim caminham os dublinenses...

Menos de meia hora depois o sol se abre... mas não se sabe por quanto tempo.

Naional Gallery of Ireland

Passo horas na galeria. Há uma ala dedicada à obra do maior pintor irlandês, John Butler Yeats, que é nada mais, nada menos do que irmão de outro irlandês ilustre: William Butler Yeats, escritor e poeta. John tem obras memoráveis e percebemos claramente (a exposição é didática) a evolução de sua pintura, do figurativismo rigoroso e pessoal a um claro impressionismo tardio, em que as pinceladas mais sugerem do que  explicam. E ele teve seguidores, que são tema de duas exposições seguintes.

A National tem coisas interessantes, mas um dos momentos mais emocionantes foi ficar frente a frente com A Prisão de Cristo, de Caravaggio. Impossível segurar a emoção: estou vendo, de verdade e de perto, um quadro de um dos meus pintores italianos preferidos; esse quadro está em Dublin; e nele está pintada uma das mais extraordinárias representações de Cristo. Sento-me no banco em frente ao quadro e choro, choro muito... tenho a certeza absoluta de que posso morrer agora, com a maior tranquilidade de espírito e plenitude de alma... Não vai ser a primeira vez que vou chorar hoje, mas certamente é uma das mais fortes. A reprodução na Wikipedia não é muito boa, mas dá para ter uma idéia do quadro. Clique aqui. Ainda constam da coleção Fra Angelico (e lágrimas), Goya, Velazquez, Gainsborough, Ticiano...

Saio, o sol enganador espera minha saída para se esconder. Caminho até a estação do DART, trem que liga a costa norte à costa sul, passando por Dublin. Dirijo-me para o vilarejo litorâneo de Dalkey. E aí começa mais uma aventura de beleza.

A estação de Pearse, onde pego o DART

A estação por dentro.

Do outro lado.
Aqui, como em Paris. é preciso apertar um botão para que a porta se abra. Com a diferença de aqui o botão funciona e não é preciso fazer força, como na França.

A estação de Dalkey

A principal rua de Dalkey

Mesmo em um vilarejo há uma grande livraria. E uma biblioteca! (que eu não fotografei).

Castelo de Dalkey, onde há uma representação da época dos Tudor, com atores a caráter. Não assisti, mas parece ser interessante.

Dalkey

Ruela em Dalkey

Vitrine da padaria irlandesa...

...e o meu maravilho doce com frutas vermelhas sobre pão de ló e base com massa de amêndoas, com capuccino.

Dalkey vista da ponte da estação

A estação vista da ponte

A caminho do mar... aqui estarão várias imagens que fui fazendo pelo caminho, mas sem muitas legendas.




Chegando ao pier... brindado com um arco íris.

Alguém que lagosta? Ou caranguejo?








De frente para as ilhas Dalky, eu sentei-me e chorei copiosamente, agradecido por estar ali, vivendo uma coisa tão especial e que eu jamais pensei que poderia acontecer em minha vida...








Preciso dormir. Depois termino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário