6 de ago. de 2010

Diário de Viagem 5 - o último dia


Acho que vou, de fato, ficar em débito em relação às postagens sobre Paris. É muita coisa. Já vi tantas coisas nesses últimos quatro dias que quase já não dá mais para saber se eu estive em Montmartre hoje, ontem ou antes de ontem...

E a quantidade de fotos? Ficou impossível classificar tudo. Por isso vou postar algumas com as informações de memória, porque daqui a pouco preciso mesmo dormir porque amanhã, sábado, sairemos de Paris para visitar dois lugares que parecem ser bem interessantes: Vaux-le-Viconte, onde há um castelo com o típico jardim francês, e a vila medieval de Provin. Ficam a mais ou menos uma hora e meia de carro de Paris, o que significa que terei a chance de ver de perto um pouco do interior.

Coisas bacanas de hoje:

Conhecer o outro lado do Marais, visitar o salão de chá da Mesquita de Paris, tomar thé a la minte (chá verde com menta, bem doce) com doces árabes, comprar brinquedos de lata com cara de antigos na loja Fanfans, tomar um m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o sorvete de pera na Berthillon (que desbanca com folga a Amarino - italiana e deliciosa sorveteria daqui), comer brick (tipo de crepe tunisiana), visitar o Instituto de Cultura Árabe e, de lá, ter uma das mais belas vistas de Paris, comprar uma linda camisa "abricot" em xadrez bem pequenininho na Café Coton com 50% de desconto, visitar as igrejas de St Gervaise, St Germain de Pres, St Louis em Marais, visitar a Square Capitain, onde se encontra a Arena de Lutécia (como Paris era chamada na época do domínio romano) - uma construção do século II (isso mesmo, do segundo século da nossa era), onde há um jardim de aromas impressionante, montado para um concurso de jardins dos bairros de Paris e onde se encontram flores que servem de base para os principais perfumes franceses... é a lista é grande e os dias, como eu venho dizendo, intensos.

Aqui estão algumas fotos (eu realmente espero, um dia, conseguir arrumar tudo).

Entrada do cemitério Père Lachaise, onde estão enterrados, entre outros:
Allan Kardec, Jim Morrison, Chopin, Colette, Oscar Wilde, Rossini...

Túmulo de Rossini

Túmulo de Kardec. É o que tem mais flores e o que está sempre
limpo e arrumado. Mas não pude tirar a foto da base, onde elas estão
porque havia pessoas em oração junto ao túmulo e eu não queria perturbá-las.
Além disso, foi muito difícil segurar a minha própria emoção...

Uma amostra dos jardins do Père Lachaise

Túmulo do criador da homeopatia

Uma coisa interessante sobre o Père Lachaise: algumas sepulturas tem permissão de ocupação vitalícia, obtidas muitos anos atrás. Hoje em dia isso não é mais permitido - afinal, não há tantos lugares onde se podem enterrar as pessoas.

Alguns túmulos estão totalmente abandonados porque não existem mais membros da família para cuidar deles. Em alguns não se lê mais nenhuma inscrição ou estão totalmente cobertos de líquens.

Há túmulos das mais variadas formas, até em forma de pirâmide. Vi um que parecia uma pirâmide inca e era enorme. Os túmulos de militares (generais e quetais) estão entre os mais chamativos.

Preciso dormir. Depois posto mais.

5 de ago. de 2010

Diário de Viagem 4 - desculpas

Peço desculpas a quem tem acompanhado o Diário e sentiu falta de postagens nos últimos dias. A experiência de Paris tem sido intensa e eu não tenho chegado em casa em condições de escrever. Normalmente é banho e cama, para recuperar as energias (e os pés) para o dia seguinte. Também ficou difícil fazer a seleção de fotos - já foram mais de quinhentas até agora.

Claro que tem algumas que não mostram Paris de maneira reconhecível: são experiências com texturas e formas, ou simplesmente detalhes como um canteiro de flores, folhas de árvores etc. Bom, de qualquer forma, em poucas palavras: Paris merece bem mais do que corridos cinco dias. Cada esquina é uma descoberta, cada canto, loja ou rua revela algo que merece ser admirado e fotografado. Paris tem muitas igrejas, algumas da idade média - quase todas grandiosas. Mas a que mais me emocionou, até agora, foi St. Jean Le Pauvre (São João, o Pobre), de tradição católica ortodoxa, com sua austeridade e antiguidade palpáveis em suas pedras, seu chão, seu tamanho diminuto... as igrejas de Paris são lindas, mas St. Jean vai ficar para sempre na memória e no coração. Infelizmente não tirei boas fotos da igreja - na verdade, fiquei encabulado de ver tantos turistas entrando, fotografando e saindo sem nem prestar atenção no discurso espiritual e, por que não, histórico, que as igrejas de Paris proferem quando olhamos para elas com olhos mais abertos e sentimentos mais profundos do que o maravilhamento. Quando pensamos que ali estão obras que remontam aos séculos XI-XII e comparamos com a nossa própria história que começa somente no século XVI, com navegações de descobrimento, nos damos conta que estamos falando de uma civilização que já estava ali quando ainda éramos simplesmente um mito, uma quimera nos sonhos e pesadelos dos europeus.

Mas coloco o carro na frente dos bois. Há um texto que eu havia começado no dia em que cheguei, com as impressões do Eurostar, da viagem, da chegada e do impacto que o aparente caos dos turistas de Paris causa, mas que requer revisão e ampliação. Mas, para não deixar vocês sem alguma coisa, seguem algumas fotos do primeiro dia.

Chegando a Paris - tirada da janela do trem.
Esse é um dos muitos trens de subúrbio de Paris que, 
curiosamente, tem dois andares.

Uma coisa interessante e que nenhum guia de viagem menciona: os trens de subúrbio e os trens de metrô tem porta "semi-automáticas" - é preciso acionar uma alavanca em forma de maçaneta, ou apertar um botão para que as portas se abram! Isso tanto por dentro quanto por fora! Um choque. E, outro detalhe, os trens e metrôs são sujos - muito sujos. Não há limpeza durante os serviço, só à noite, depois que os cidadãos se recolheram. Por isso, antes de reclemarem do metrô de São Paulo, pensem que aqui, apesar de ser primeiro mundo, as coisas podem ser piores...

Mas há enormes vantagens sobre o nosso sistema de trens de subúrbio: na plataforma de embarque há informação sobre em que horário o trem irá sair. Quando o trem chega à estação, a informação é complementada com o número da plataforma. E, acreditem, o trem sujo com porta a manivela sai no horário. Na Gare St Lazare, onde pego o trem para Bois Colombes, onde estou hospedado, os trens para Ermont Eaubonne (a linha que preciso pegar), passam a cada quinze minutos fora do horário de pico. São duas estações ou 12 a 15 minutos para chegar a Paris. E o lugar é muito tranquilo.

O Eurostar na plataforma da Gare du Nord

 Prédio residencial ao lado da estação de Bois Colombes

Comércio na rua ao lado da estação.

Hauvre Caumartin, na saída da estação Ópera

Uma das vistas da Ópera de Paris

A "Nossa Senhora" dos franceses, e a multidão de turistas
(por volta de 11h00)

E sob a luz oblíqua do sol ao entardecer
(detalhe: no verão o sol se põe por volta de 21h30!!!)

Órgão da Igreja de St Louis en L'Ile

E a Torre Eiffel vista da Pont St Louis

Depois tem mais.

3 de ago. de 2010

Diário de Viagem 3 - nota matinal

Consegui acordar às 5 da manhã. Tomei um banho, fechei a mala (ainda bem que deixei a maior na casa de Julie, ontem) e vim para St Pancras. Aliás, preciso pedir desculpas, pois não deu para tirar a foto de dentro da estação - acabei deixando a máquina no fundo da mochila.

Cheguei à estação, tomei um macchiato (acreditem, café aqui é sinônimo de coisa italiana) e fiz o check-in, que na verdade é encostar o código de barras no leitor e passar pela catraca (roleta, pra quem é do Rio de Janeiro). Aí, pensei, viria a pior parte, que é a imigração francesa. Uma vez vistoriada a bagagem - passei sem problemas pelo raio-x, chego no guichê da imigração. Como estava vazio às seis da manhã, escolho o funcionário que me parece menos antipático, capricho no sorriso e mais ainda no "bonjour" e... nada! Nem um sorriso de volta, nem uma resposta, coisa nenhuma - começo a acreditar que os franceses, de fato, não têm senso de humor (que meu amigo Philippe, que me espera na Gare du Nord, não leia isso). Entrego o passaporte e espero pela saraivada de perguntas que virão - não vêm. Ele olha o documento, vê a foto, chancela a minha entrada e o devolve. Ainda arrisco um "merci beaucoup" com o meu melhor sorriso e... ainda nada. Um verdadeiro robô. Mas começo a achar que foi melhor assim. Não levei nem um minuto nesse processo e alguém simpático poderia, na verdade, esconder um funcionário disposto a sacanear um brasileiro indo de Londres para Paris.

Ontem, depois de muito correr para baixo e para cima, ter visitado a faculdade e resolvido o tal problema com o email deles, fui entregar minha mala grande para Julie, minha amiga inglesa que mora em Walthamstow, que é a última estação da linha de metrô Victoria. Acabei ganhando um jantar na casa dela. Seu filho, que quando finalmente o conheci dois anos atrás tinha 14 anos e já era alto, ficou ainda mais alto perto de completar 16. Ainda bem que não me arrisquei a levar uma camisa da seleção de novo.

Tive que interromper um pouco. Estava no lounge da estação quando abriram a chamada para o trem. Agora estou devidamente sentado na janela 71 do carro 2 do trem de alta velocidade que vai partir daqui a 6 minutos. Ainda tenho conexão aqui dentro. Bárbaro! As pessoas estão excitadas. Ouço sotaques de americanos, britânicos, gente falando espanhol - bastantes visitantes espanhóis em Londres. O trem é confortável, mais do que o avião, de fato. E isso porque é um assento de segunda classe - equivalente à econômica de um vôo. A 'mesinha' é grande o suficiente para caber um note, por exemplo.

Bem, estou com pouca bateria (o adaptador universal que o Uéliton me emprestou não é tão universal, assim - não serve para as tomadas inglesas). E já soou o aviso de que o trem vai partir e que as portas serão fechadas. Vamos ver o quanto corre esta belezinha (que já está um pouco gasta, é preciso dizer. Quando eu desembarcar vou tentar tirar uma foto). And here we go!!!!!

2 de ago. de 2010

Diário de Viagem 2

Segundo dia.
Acordei às 5h30 da manhã, descansado, sem dor de cabça e pronto para encarar as muitas coisas que precisava fazer antes de refazer as malas para a viagem à França amanhã.

Desci para o lobby por volta de 6h30, me conectei à internet, li e-mails e depois fui para Covent Garden para tomar o café da manhã. Pensei em ir na Le Pain Cotidien, que Uéliton havia me indicado, mas não a encontrei. Acabei comendo na Pret-a-manger - é engraçado ver tantas lojas de comida francesa (ou inspirada na França). Londres é famosa, também, por ter um péssimo cardápio para oferecer às pessoas. O café da manhão chamado British Breakfast é composto por bacon, ovos fritos, salsicha (a aparência é pavorosa, acredite em mim), feijão (!!!!), torradas e café (acho que essas foram introduzidas pelos estrangeiros que estranhavam o cardápio da primeira refeição do dia).

Bem, um regular latte (um copo gigante de espresso com leite bastante espumante), um croissant de chocoloate e um suco de laranja eu estava pronto para achar a loja da Orange, operadora de celular - o objetivo era comprar um SIM card (o que nós chamamos de chip no Brasil) para ter um número pré-pago aqui. A Orange oferece o cartão de graça para quem já tem um aparelho, mas com a condição de que você compre 5 libras de crédito. Comprei 10 e fiquei satisfeito. O atendente, Ryan, foi muito atencioso (como, em geral, são as pessoas por aqui) e esperou eu colocar o chip e ver se tudo funcionava corretamente. Tudo funcionou bem. Como toda 'boa' operadora de celular, logo chegaram várias mensagens, desde a mais simples, informando que o meu número era xxxxxx (vocês não acreditam que eu iria mesmo dividir essa informção, certo?), até coisas como pacotes promocionais, sorteios e coisas do gênero. Bem, guardei o que era imposrtante e o resto eu joguei fora.

Depois disso, fui atrás de informações sobre o curso, ver onde é a faculdade etc. Tarefa bem difícil por que o campus é gigantesco e espalhado por toda uma área da cidade. Mas achei o prédio principal (ver foto abaixo), onde acabei também verificando o e-mail e descobri que eles haviam conseguido um jeito de eu recuperar minha senha para os avisos por e-mail. Não consegui localizar os alojamentos, mas espero ter a informação em breve. Mas já sei que as inscrições para as palestras serão no Crucible Building, em frente ao prédio principal (a foto seguinte). O prédio é chamado de "Crucible" porque, de fato, tem formato de cruz.





Eu precisava comprar um cartão de memória para a máquina fotográfica que um amigo me emprestou. Para isso, nada melhor do que ir na Santa Efigênia de Londres: a Tottenham Court Road. É um lugar que está em obras desde que eu vim aqui dois anos atrás. Mas já melhorou bastante. Mas é o paraíso dos eletrônicos. E se na Santa a gente tem coreanos e árabes, aqui predominam os paquistaneses e indianos, com alguns árabes e poucos orientais. Um cartão de 2GB custou 15 libras (uns 45 reais).

Como se anda muito por aqui, é sempre bom ter onde descansar. Londres é cheia de parques e praças (algumas são particulares - os moradores do entorno têm a chave do portão). Aqui perto do hotel tem a Russell Square, que é uma praça tranquila, com um chafariz no meio, ao nível do chão, onde às 8 da manhã os pombos se deliciavam com a água (foto abaixo).



Também tem as árvores típicas daqui, como o plátano, que é uma caducifólia (as folhas caem no inverno). São árvores altas e frondosas.



Em frente à Russell Sq está o Russel Hotel, em estilo vitoriano, da foto abaixo. Quase intimidatório. Bão quero nem pensar em quanto custa uma dária ali. Aliás, Londres tem uma quantidade impressionante de hotéis, pequenos e grandes. Alguns nem parecem hotéis, porque ficam em áreas residenciais e são, muitas vezes, casas que foram transformadas em pequenos hotéis. Na região de Russell Sq têm vários.



No caminho para a Tottenham Court Road eu passei em frente ao British Museum, que é bastante imponente e que está na minha lista de lugares a serem visitados quando eu voltar de Paris. Em frente ao museu tem um monte de lojinhas de lembracinhas de Londres - lá achei o cofrinho de lata em forma de cabine telefônica vermelha que minha cunhada me pediu. Ou seja, é lá mesmo que vou comprar os chaveirinhos e cartões postais de recordação para os amigos.



Perto de Covet Garden, mas já próximo de Charing Cross, vi o teatro onde está em cartaz "Priscila, a rainha do deserto" Só me pergunto como eles fizeram para transformar um "road movie" (quem viu o filme deve se lembrar que o ônibus cor de rosa atravessava o interior do deserto australiano a maior parte do tempo) em uma "road play". Mas, aqui, como na Broadway, o dinheiro faz o impossível. Alê, você foi a primeira pessoa em quem pensei quando tirei esta foto (rs).



Estas são as notícias de hoje, por enquanto. Daqui a pouco vou me encontrar com a Julie, amiga que irá guardar a mala maior enquanto eu vou para Paris com a menor. Amanhã, antes de embarcar, tiro fotos de St. Pancra`s por fora e por dentro, para mostrar a vocês

Diário de Viagem 1

OK. Eu prometi a alguns amigos que faria um diário desta viagem de férias. Agora que melhorei da dor de cabeça escorchante que eu estava sentindo, depois de ter tomado uma banho em uma ducha muito boa, acho que tenho condições de digitar algumas linhas antes de cair nos braços de Morfeu.

Bem, a viagem em si foi como toda viagem de avião para destinos muito longe: cansativa até. O check-in da TAM é sempre uma aventura, mas due tudo certo (sempre vale a pena chegar cedo no aeroporto!). Apesar da fila, tudo andou rápido. Só meu plano de “back up” não funcionou muito bem: a mala de mão que eu pretendia levar comigo na cabine ficou muito pesada, e eu tive que despachar junto com a mala grande (que estava pesando só 12 quilos - inacreditável!).

Fiquei apreensivo com a possibilities de ter duas malas extravagates, por isso, enquanto ainda podia, fiz minhas preces acrescentando a tudo o mais que eu havia pedido para essa viagem o desejo de que as duas malas chegassem junto comigo ao meu destino.

Uma viagem longa (11 horas), voando em classe econômica não é um sofrimento a ser desprezado. Cheguei a Londres moído. A sorte foi ter tomado o Miosan - como me dá sono, pude dormir durante bastante tempo - do pior jeito possível. Ainda bem que eu havia escolhido meu assento com muita antecedêndia e, por sorte, o 777-300 em que viajei tem uma configuração estranha no fim da aeronave: no mapa o meu assento era sozinho, mas na real eram dois - e eu escolhi a janela. A confirguração padrão é um assustador arranjo 3-4-3. Bom, comida de avião, blá, blá, blá; banheiro de avião, idem, descida em Heatrhow com a micagem do aplauso para o pouso de uma trupe de jogadores juvenis de futebol que estava indo para um campeonato em Manchester. A micagem foi seguida por alguns passageiros - eu fiquei na minha, porque além de achar meio boboca aplaudir um pouso, este não foi nem tão impressionante assim (aliás, achei meio pesadão). Bobagem.

Saio do avião e percebo que algo está diferente em relação à última vem em que estive aqui: estamos em outro terminal e não pegamos mais as bagagens antes de passar pela imigração - e esta foi beeeeem longa. Pousamos no horário previsto (15h00), mas até passar pelos oficiais da imigração já eram quatro da tarde. Dei sorte de pegar uma mudança de turno e o oficial que iria me atender foi substituído por uma bela e simpática morena. Dei só o passaporte, esperando pelas perguntas. Acho que passo por um viajante honesto, pois ela só me perguntou por quanto tempo eu ficaria em Londres, qual o motivo de minha visita e onde eu havia aprendido inglês (imagina o orgulho!) Bem, tá certo que cheguei no guichê com o meu melhor sorriso (que não foi falso, pois estava feliz de estar aqui) e isso, mais um inglês caprichado no "posh"accent (como o bosta do meu professor da USP caracterizou minha pronúncia - inglês metido), ajudaram-me a passar incólume pela etapa dois (imigração).



A etapa três foi sofrida: pegar a bagagem. Já se sentiu com o c... na mão com medo de ter perdido algo extremamente importante? Pois é, no meu não passava nem pensamento filtrado, de tão preocupado que estava se minhas malas haviam chegado. Heatrhow ficou confuso depois da reforma - e logo de cara não foi tão fácil descobrir em que esteira estavam as malas do vôo 8084. Mas logo uma tela de LCD apareceu na minha frente com a informação. O duro é que a esteira 1 é a única que fica no lado oposto de todas as outras esteiras! A gente quase acha que ela não existe de fato.

Peguei as malas e comecei a sentir que a dor de cabeça que começara a se formar por causa da falta de cafeína iria me dar trabalho. Comprei o bilhete do metrô (4,50 libras para ir do principal aeroporto internacional da Inglaterra ao centro de sua capital (uns 50 minutos de trajeto)! Um aumento de 50 centavos de libra em relação a 2008, quando aqui estive pela primeira vez - cinquenta centavos em dois anos! Quem não somnha com algo assim em Guarulhos?

Peguei o metrô e, por sorte, o hotel fica numa estação que pertence à mesma linha que serve o aeroporto (a linha chama-se Picadilly). 55 minutos de viagem e chego a Russel Square, que é onde ficam: a University College London, onde vou fazer o curso de fonética, a alojamento da faculdade e o hotel onde vou passar as primeiras duas noites. Aliás, chamar isso aqui de hotel é um elogio não-merecido. O hotel é horroroso! Velho, feio, só tem wi-fi no lobby e não tem quartos com chuveiro e privada (eu já sabia disso, mas pela localização e por duas noites, pelo preço que paguei pelas duas diárias, vale a pena). O colchão vai me fazer sentir muitas saudades do RPG. É daqueles em que se uma pessoa sentar numa ponta e outra sentar em seguida na outra, a primeira é arremessada para o chão. Conto com o cansaço para me fazer apagar.

Bom, a localização, como disse, compensa. Russel Square é uma região ótima e eu estou a dois minutos da British Library (aqui numa foto que tirei de entro do restaurante onde comi uma pizza bem ruim para um restaurante metido a italiano) e a cinco minutos da estação de trem St Pancra`s, de onde parte o Eurostar com destino a Paris (que eu vou pegar na terça-feira!).



Quase do lado do hotel, na esquina da rua, fica a St. Pancra`s Parish Church, uma igreja anglicana cujas fundações remontam ao século XI, mas que passou por muitas reformas (as duas maiores no século XIX e na década de cinquenta do XX). A entrada da igreja é inspirada no Erectéiom de Atenas, com colunas gregas que não combinam nem um pouco com a igreja. As laterais externas da nave têm quatro esculturas de mulheres ao estilo grego no lugar das colunas (ver a foto abaixo). Por dentro ela é extremamente austera - tenho a impressão de que as igrejas anglicanas antigas tendem a ser assim. Peguei o serviço das seis horas começado e, como ao entrar recebi um hinário e um "programa"do sermão da hora, resolvi me sentar. O padre falou de Cristo andando sobre as águas e de como as pessoas pensam sempre no poder da imagem de Jesus realizando o milagre, mas não no quanto essa metáfora representa a vitória sobre as vicissitudes quando se tem fé. Uma pena que o sermão foi dado a oito ou dez pessoas, contando comigo, em um serviço das 18h00 de domingo.



Na saída, o padre cumprimenta um por um e dá uma pequena bênção. Mal não faz, não é mesmo? Não resisti e puxei assunto com uma senhora que saiu na minha frente. Ela foi extremamente gentil quando perguntei se ela era frequentadora - mora em Leeds, na região de York e, quando vai a Londres, antes de pegar o trem, sempre que pode, vai ali. Comentei que a igreja estava muito vazia e ela concordou comigo que era uma coisa triste. Porque é uma pena, ao meu ver, que as pessoas percam sua relação com a fé (sei que a própria igreja e sua conduta devem ter milhões de culpas por isso, mas não julgar a igreja aqui). Até porque isso rendeu uma conversa agradável, ainda que rápida. Quando disse que eu era do Brasil ela me contou que a filha mais velha dela já veio ao Brasil duas vezes a trabalho para uma ONG em Recife. Coincidência? Duvido. Enfim, ela me mostrou o caminho até St. Pancra`s (eu queria cronometrar o tempo para saber a que horas eu precisaria sair do hotel na terça para o check-in no Eurostar), me mostrou a British Library e me desejou muitas felicidades nas minhas férias na cidade. Um bom começo.

Comi uma pizza na pizzaria em frente à BL (de onde tirei a foto lá de cima), voltei para o hotel, desfiz uma parte das malas, desci ao lobby, me conectei à internet, dei notícias aos amigos e à família, fui ao mercado, comprei uma escova de dentes, pasta e um sabonete (pois o do hotel é daqueles minúsculos que só duram um banho) e liguei para minha amiga Julie para pedir a ela para deixar minha mala grade na casa dela amanhã. Voltei, tomei uma ducha forte e quente (isso é uma coisa muito boa do hotel), de Havaianas - melhor garantir - e vim para o quarto (onde não tem wi-fi). Portanto, este será um post publicado tardiamente.

Desculpem-me se me estendi demais no relato com poucos fatos e fotos, mas assim foi a minha proimeira tarde em Londres: sem sobressaltos nem nada muito especial para contar. Amanhã posto fotos de onde estou.

Até lá.