27 de abr. de 2011

Sobre a necessidade de ser forte

Quanto mais eu penso (e constato) as falhas recorrentes do caráter humano, mais me convenço de que a humanidade, se de fato viesse o fim do mundo em 2012, seria a melhor candidata ao extermínio.


Há um predileção humana pela calhordice, pela cafagestagem, pela desonestidade e mesquinhez praticada diuturnamente que me abate e me consome, aos poucos. Eu preciso juntar forças, orações, pedidos, mentalizações para tentar manter o mínimo de sanidade diante de tudo isso. Eu preciso "ser forte". Mas ninguém sabe que a última coisa que eu quero é ser forte. Porque de tanto ter que ser forte perde-se o direito aos momentos de fraqueza, às lágrimas de cansaço ou de tristeza, às pequenas desilusões cotidianas - tudo isso é negado a quem precisa ser forte 24 horas por dia. E, no fim do dia, não existe um braço afetuoso sobre o qual debruçar a cabeça e que te console das agruras do dia; ninguém para dizer baixinho "vai passar" e deixar você ter teu momento de tristeza e angústia - essas, sim, tão humanas; nenhum colo consolador que te aceite na simplicidade e honestidade de tua fraqueza. Não, é preciso ser estóico, um Hércules, que execute todas os seus 12 trabalhos repetidamente sem reclamar, ser se abater, sem esmorecer, sem derramar uma única lágrima. Só que ao me olhar no espelho não vejo nenhum herói - só um ser humano fraco e triste diante de um mundo de pressões inexoráveis. 


E que ainda dá graças a Deus por isso.




(uma coisa incompleta e triste que pediu para sair ontem, depois de ouvir comentários sobre a pequenez humana no ambiente de trabalho; às vezes é preciso deixar sair esses sentimentos espúrios para que o otimismo não se perca de todo no mar da hostilidade convivial)